Sexta-Feira 13 - Mais imortal que o Havelange e o Niemeyer ~ Cia Kómus de Comédia

Vocês são muito novos e não devem saber, mas havia uma época em que Hollywood não precisava refazer filmes dos outros ou fazer 500 continuações de um mesmo título para fazer sucesso. Havia um tempo em que as pessoas tinham idéias, faziam filmes, os estúdios, se não bancavam esses filmes, investiam na sua distribuição e dava tudo certo. Os estúdios lucravam, o diretor, o roteirista, o produtor, enfim, toda a equipe se consagrava, o filme tinha uma bilheteria boa e parava por aí. Mas não! As continuações, que antes eram restritas à filmes do James Bond e de um ou outro personagem, começaram a se tornar cada vez mais usuais a partir dos anos 80. E a partir dos anos 2000, duas pragas chamadas remake e prequel começaram a proliferar pelos cinemas mundo afora. Um dos principais culpados é um garoto tontão que se afogou num lago em 1958 e nunca mais morreu.

O mais engraçado dessa história é que, a princípio, "Sexta-Feira 13" era para ser um filme único, sem continuações, apenas com o intuito de capitalizar em cima do sucesso de "Halloween" (1978), que custou pouquinho e teve um lucro absurdo (o melhor jeito de fazer filme, afinal se não der certo você pode dizer "pelo menos a gente não gastou uma fábula nisso"). Quando o diretor Sean S. Cunningham colocou esse anúncio aí abaixo na Variety, não tinha nem uma folha de script pronta ainda (hoje em dia se faz uma puta campanha de marketing e o script continua com uma folha só)

A idéia de fazer uma (que depois viraram 11) continuações foi dos produtores (sempre eles), haja vista que o primeiro filme custou apenas US$ 550.000,00 (dinheiro de pinga lá pros caras) e faturou pelo mundo todo quase 60 milhões! Ganharam o Moto Radio os caras. Nem as duas indicações para o primeiro prêmio "Framboesa de Ouro" (Pior Filme e Pior Atriz Coadjuvante para Betsy Palmer) abalaram nos (infelizmente)

Até o Kevin Bacon ficou famoso depois do filme

Aí que dá se toda a treta, porque realmente o final do primeiro filme dá margem a uma continuação, porém ela não estava nos planos dos realizadores. Acontece que o maquiador/especialista em efeitos especiais/diretor/ator/sósia do jogador Hernan Barcos do Palmeiras, Tom Savini viu "Carrie, a estranha" e deu a idéia de fazer um final parecido (a mão da Carrie saía do túmulo para agarrar a amiga que veio visitá-la).

Aê Markito! Catou a Hebe!

Aí cada filme inventava uma merda diferente para "revitalizar" o vilão: botar uma máscara de hóquei (ele só a usa a partir do terceiro filme), mudar a identidade dele, exumá-lo, afogar ele no mesmo lago em que se afogou quando era menino, desafogar, mandar pra Nova York, chamar o FBI para mandá-lo pro espaço, mandá-lo pro espaço MESMO, transformar em ciborgue, colocar o Freddy Kruger atrás dele e, a pior solução de todas, FAZER UMA DROGA DUM REBOOT, REMAKE, PREQUEL, SEI LÁ UM NOVO FILME PARA RECONTAR TUDO DE NOVO. Hollywood devia mudar o nome para RUMINANTEWOOD, de tanto que anda digerindo a mesma coisa várias vezes (e quase sempre o "subproduto" é o mesmo)

Cartaz do filme Jason X

"Sexta-Feira 13" além de ser o "rei" das continuações nos filmes com assassinos mascarados (depois que saiu o primeiro filme lançaram "Halloween II" e a palhaçada só continuou), ajudou a criar os clichês do gênero, homenageados nas séries "Pânico" e "Todo Mundo em Pânico". Veja só:

Até o vocalista do Gogol Bordello aparece no filme

Todo mundo sabe que tal lugar é perigoso, menos os tontos que vão para lá: Você passaria as férias em um acampamento em que houve um afogamento e um ano depois um assassinato? Trabalharia lá? Pois tem um grupo de tontos que aceita fazer monitoria lá. E uma burralda que é alertada pelos moradores locais sobre o perigo de trabalhar lá, pega uma carona com um desconhecido e daí...

Alguém sabe onde fica Guarulhos?

Não?

Tem sempre um maluco nesses filmes: Como em toda cidade pequena, a cidade onde se passa esse filme também tem o seu "louco de estimação" (cidades grandes também, mas elem ficam restritos a bairros periféricos ou lugares como a Praça da Sé ou o Largo 13): No caso desse filme atende pelo nome de Ralph, mas nas sequências tanto de "Sexta-Feira 13" ou "A Hora do Pesadelo", quase sempre um personagem fica traumatizado e vai parar em um hospício e sempre tenta, em vão, alertar os outros do perigo que estão correndo.

"O Corinthians vai ganhar a Libertadores"

As vítimas são jovens e MUITO estúpidas: Acho que nos EUA também é proibida a interrupção da gravidez no caso de fetos anencéfalos, porque é incrível a quantidade de gente descerebrada em filmes de terror. São sempre jovens que sempre fazem coisas estúpidas como ir nadar no lago sozinho à noite, ou sair da cabana no meio da tempestade. Me admira muito não ter nesses filmes um personagem chamado "Joaquim" ou um "Manel", ou será que o José Simão tava certo quando disse que "o americano é um lusitano organizado"?

O rapaz de cocar era dublado pelo gordinho boiola Selton Mello

Sempre falta luz nesses filmes: Se tivesse um militante do PSTU nesses filmes de terror provavelmete diria que é culpa da falta de investimento em distribuição de energia elétrica nos governos FHC/Lula/Dilma ou então é por causa da privatização da Eletropaulo. Se bem que, se for um filme rodado na Califórnia, não é exagero culpar o governo de lá.

Maldita Light!

O assassino é indestrutível: Se não fosse não haveriam tantas continuações, contudo no primeiro "Sexta-Feira 13" deveria ser diferente pois (ATENÇÃO SPOILER) o assassino é na verdade Pamela Voorhees (Betsy Palmer), a mãe de Jason, revoltada porque os monitores do acampamento Cristal Lake estavam ocupados fazendo sexo e não perceberam quando o seu filho se afogou no lago. Ela matou dois monitores no ano seguinte e, quando resolveram reabrir o lugar 20 anos depois foi lá "dar boas vindas" aos novos monitores. Em suma, o assassino é uma SENHORA, de seus 50 anos e que a mocinha leva uns 15 minutos para matar. Por mais fraquinha que fosse a menina, 15 MINUTOS PRA DAR CABO DUMA VELHA? Merecia apanhar mais uns 15 minutos com um gato morto até o gato voltar a miar (se for um gato do filme "Cemitério Maldito" é capaz que mie FIM DO SPOILER)

Véia do demônio

Nessas horas a gente dá graças a Deus que a produção nacional é incipiente. Já pensou se nego inventa de fazer um filme sobre um japonês que se afogou na piscina de uma faculdade de medicina e volta para matar os futuros médicos? Ou pior, um filme com o Sarney vestindo uma máscara de hockey corredo atrás do Marcelo Tas? É melhor não dar idéia.