(2000) Batalha Real: Jogos Realmente Vorazes ~ Cia Kómus de Comédia

A última coisa que eu quero é parecer um velho chato, daqueles que falam assim :"No meu tempo era diferente..." ou aqueles indies malditos que dizem "Bom mesmo é um filme europeu de 1992..." e toca a falar de um filme que só ele e os amigos indies conhecem, mas o fato é que pelo que ouvi e li na imprensa, esse tal de "Jogos Vorazes" é uma "distopia a lá Crepúsculo", um filme baseado em livro para adolescente ver, enfim, uma modinha que vai encher o saco por muito tempo. Espero sinceramente estar enganado e gostar desse filme, mas já vou avisando que eu vou usar como base de comparação além do excelente "O Sobrevivente", também este "Batalha Real", filme japonês de 2000, que eu gostaria que vocês dois também, meus dois leitores vissem antes de ir ver "Jogos Vorazes".

Quem visita fóruns de discussão na internet já deve ter presenciado uma batalha quase tão feia quanto as de Gaviões da Fiel x Mancha Alviverde: As de fãs de "Batalha Real" e de "Jogos Vorazes", sendo que os primeiros acusam a obra americana de ser plágio da japonesa. De fato há muitas coisas em comum (o fato de em ambas as obras o massacre ser promovido pelo governo, os protagonistas serem jovens, o casal apaixonado que quer terminar o jogo juntos...), mas se formos levar as coincidências ao pé da letra, ambas as obras poderiam ser consideradas plágio de "The Running Man" de Stephen King (que rasgou elogios às duas obras, afinal, filho nunca é feio para o pai, não é mesmo?) e se formos parar para pensar mais um pouco, a idéia de "caçada humana" existe pelo menos desde 1924, quando foi lançado o conto "The Most Dangerous Game" em que um cossaco (não é um coça o saco não!) solta um cara em uma ilha para poder caçá-lo igual um animal e que inspirou uma porrada de filmes ("O Alvo", "Sobrevivendo ao Jogo", "O Peste"...agora eu superei os limites da nerdice, puta merda!)

O ponto fraco de "Jogos Vorazes" é que tanto o filme quanto o livro são voltados para os adolescentes, portanto são mais "soft" ao contrário de "Batalha Real" (livro, filme e mangá) que tem toda aquela sanguinolência e falta de noção que só os japoneses são capazes de produzir. Logo nos primeiros vinte minutos de filme você tem um cara esfaqueado na bunda, um cadáver, uma menina que toma uma facada na festa e um menino cujo colar explode. Logo logo eles estarão transformando isso em um programa de TV, é só aguardar!

A história é a seguinte: Devido a uma profunda recessão (sério? Quem poderia imaginar, hein...), o Japão passa por uma profunda crise social com os jovens se rebelando e saindo do controle, portanto o governo lança o "Ato BR" no qual uma sala de aula problemática é enviada para uma ilha deserta e dentro de 3 dias só deve restar um só, caso contrário, ninguém volta (logo logo vão sugerir algo assim para acabar com as torcidas organizadas aqui no Brasil)

Cada japinha que vai para ilha recebe um mapa, uma bússola, uma lanterna, pão, água, um colar com um microfone embutido e que explode caso o cara saia da linha e uma arma, que pode ser tanto uma arma legal como uma Uzi, ou uma Semi-Automática, como algo bem inútil como um leque (?!) ou uma tampa de panela (????!!!). Na prática os otários, mesmo com uma arma legal, acabam perdendo as para os mais espertos e se dando mal do mesmo jeito (mais ou menos o que acontece na vida real, por isso que não adianta andar armado).

Como em um "reality show" aqui você tem também as panelinhas, os casaizinhos, os caras que entram especialmente para tumultuar, os líderes e, principalmente, as traições. O mais legal desse filme é que em diversos momentos você não sabe quem está dizendo a verdade e quem está "jogando", igual no Big Brother, SÓ QUE AQUI DÁ PRA CORTAR A CABEÇA DO PREGO, COLOCAR UMA GRANADA NA BOCA DELE E ARREMESSAR CONTRA OS OUTROS! Bem mais legal!

Uma das cenas mais emblemáticas é uma que para mim ilustra aquela célebre frase atribuída a Antoine de Rivarol (que deve ser o Arnaldo Jabor ou o Luís Fernando Veríssimo da França do Séc. XVIII) "A amizade entre as mulheres é apenas uma suspensão de hostilidades". Explico: um grupo de japonesisnhas resolve formar uma espécie de "panela da Luluzinha". Só que uma delas deixa entrar um homem: justo um carinha que é suspeito de matar o namorado de uma menina da panela. Essa menina resolve envenenar a comida dele só que quem acaba comendo é uma ESFOMEADA lá do grupo. A esfomeada se esguela toda e morre (bem feito, passa fome!) e aí fica um jogo de acusações com uma menina acusando a outra de ser traíra E COMO JAPONESA TEM UM GRITO AGUDO, HEIN! Você que namora uma japinha e tem muitas cunhadas, tome cuidado nas reuniões de família!

No final, todas elas matam umas as outras só sobrando a verdadeira culpada e o carinha que ela nem tem coragem de enfrentar cara a cara (Tá vendo Aline? É assim que se identifica um cuzão(ona)!)

Mesmo sendo um filme japonês, há umas duas caras conhecidas nele. Uma é a do ator e diretor de cinema, Takeshi Kitano, que como eu citei no post anterior, parece um Muricy Ramalho japonês, pois anda o tempo todo de agasalho e tá sempre de cara amarrada. Ele já fez uma participação em uma produção norte-americana chamada "Johnny Mnemonic" (que assim como "Matrix" também é baseada na obra do William Gibson e também é estrelada pelo Keanu Reeves)


Aqui é trabalho, meu filho!

Aqui é saquê, meu filho!

Outra cara conhecida pelos ocidentais é a de Chiaki Kuriyama, que aparece em "Kill Bill vol.1", fazendo papel de Gogo Yubari, a japinha sádica que usa uma corrente com uma bola de ferro na ponta. Também estrelou "Operação Sol Nascente" com Steven Seagal. As vezes em "Batalha..." você a confunde com outra japinha (esses orientais são meio parecidos uns com os outros)

Enfim, o filme é ótimo e é muito sangrento. Se você não suporta sangue e cabeças cortadas fique com "Jogos Vorazes", caso contrário dê uma olhadinha nessa pérola da terra do sol nascente antes de ir ao cinema ver o filme da moda. Vá por mim EU AGARANTXO!